Por fim, amo-te

Inicio minha ausência de hoje dizendo já que te amo. Te amo em suas falhas, falta pecados. Te amo em ausências, mas ainda em sua presenças.  Amo em minhas preguiça de te ver. Mas, sobretudo, na euforia de sua chegada.

Te amo nos seus dedos cuidadosos, seus passos calmos. Te amo pelo pecado, calmaria, desassossego. Te amo pois te amei desde o minuto inicial que me sorriu. E mesmo quando o brilho afetivo da paixão acabou, e enfim o desejo te descobriu, eu te amei por quem você realmente é.

Eu, agora escrevo, confesso, te amo de um jeito meio tolo que ainda não sei amar. Um jeito inocente de doar-me e aceitar-te inteiro, mesmo em pedaços que, por deus, me bastam de um modo incompreensível. E não há de se compreender. O amor é uma forma egoísta de deixar o outro partir. Pois te deixo ir. Sempre. E te recebo novamente. E de novo. E de novo. Num eterno partir e nunca despedir-se. Pois você não me abandona. E eu não te possuo. Nos completamos num afeto sórdido. Sim, pois amo-te sem te ter. E você me ama se me invadir.

Mentira. Me invade. Seu amor me dilacera. Me consome. Me maltrata. E me afaga. Me traz o fulgor da paixão recíproca. E quando choro por não te enlaçar o afeto único, me vens tua paixão com toda a necessidade de mim. E te amo cada vez mais. Mais fundo. Mais denso. Por quem me é. Por quem me faz ser. E sou esse eu mais estonteante por encontrar um amor que me assegura o afeto, mesmo sem me cercar. Me mostra a liberdade de amar sem possuir, ainda que me reste a dor de não consumir o desejo de posse. Te possuo apenas, e tão apenas, por te amar. E te amo.

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